Amigos, cento e dez ou talvez mais,
eu já contei. Vaidades que eu sentia:
Supus que sobre a Terra não havia
mais ditoso mortal entre os mortais.
Amigos, cento e dez! Tão serviçais,
tão zelosos das leis da cortesia
que, já farto de os ver me escapulia
às suas curvaturas vertebrais
Um dia adoeci profundamente.
Ceguei. Dos cento e dez houve um somente
que não desfez os laços quase rotos.
-Que vamos nós lá fazer? Diziam.
Se ele está cego, não nos pode ver...
-Que cento e nove impávidos marotos...
Camilo Castelo Branco ( 1825 a 1890 )
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