domingo, 11 de julho de 2010

Desapego Familiar

"Mas ele lhes respondeu: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? E olhando aqueles que estavam sentados ao seu redor: Eis, disse, minha mãe e meus irmãos; porque todo aquele que faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe."

"Em correta acepção, desapego quer dizer o sentimento de alguém que desenvolveu sua capacidade de avaliar e selecionar o que "pode" e o que "deve fazer", estruturado em seu próprio senso de autonomia.
Agarrar-se a familiares de modo exagerado gera desajustes e doenças psicológicas das mais diversas características: desde a mais leve das inseguranças - se deve ou não sair de casa para um passeio a sós, ou que roupa deve usar - até o pânico incontrolável de tudo e de todos, que leva o indivíduo ao desequilíbrio em seu desenvolvimento e maturidade emocional.
A reencarnação faz o ser humano exercitar a independência, quando propõe que ele é um viajante temporário entre pessoas, sexo, profissão, países, continentes ou mundos.
Não obstante, ela não destrói os laços do amor verdadeiro, antes cria diversos vínculos afetivos entre almas. Pais, cônjuges, filhos e amigos voltam a conviver em épocas e em posições completamente diferentes, estabelecendo na consciência uma maneira universalista de ver os relacionamentos, da afeição e da simpatia, sem aprisionamentos ou dependências.
É importante compreender que, mesmo em família, não viemos à Terra só para fazer o que queremos, para satisfazer nossos caprichos ou nos agradar, pois não devemos nos ver como devedores ou cobradores uns dos outros, mas como criaturas companheiras que vieram cumprir uma trajetória evolutiva, ora juntas no mesmo séquito consanguíneo. Desse modo, devemos levar em conta a individualidade de cada membro familiar e respeitá-lo, sem imposições ou submissões, pelo modo peculiar que encontrou de ser feliz e dirigir sua propria existência.
Cada pessoa que vive neste planeta deve aprender suas próprias lições, e é inconcebível tentarmos fazer os deveres por elas, porque cada uma aprende com suas próprias experiências e no momento propício.
Podemos, sim, oferecer aos familiaresuma atmosfera de compreensão e apoio, para que tenham por si sós a decisão de mudar quando e como desejarem, atitudes essas que permitem relacionamentos seguros e duradouros.
É imperativo que se entenda que as ações possessivas criam indivíduos servis e profundamente inseguros, que futuramente precisarão ter sempre os familiares em sua volta, como uma "corte", a fim de sentir amparados.
O exemplo clássico de criaturas apegadas é o daquelas que foram criadas por "superpais", e que durante muito tempo se mantiveram subjugadas e presas pelos fios invisíveis dessa "suposta proteção", que, na realidade, era apenas uma "forma inconsciente" de suprir fatores emocionais desses mesmos adultos em desarranjo.
Crianças que foram educadas sob a orientação de adultos incapazes de estabelecer limites às vontades e desejos delas, contentando-as de irrestrita, sem nenhuma barreira, desenvolvem dependências patológicas que geraram progressivamente uma acentuada incapacidade de resolver problemas peculiares a sua idade, enquanto outras, nessa mesma idade, mostraram-se perfeitament habilitadas para encará-los e solucioná-los.
Crianças que se jogam no chão, entre crises de falta de fôlego e de choro fácil, sem nenhuma razão de ser, são consideradas mimadas. Tais comportamentos resultam do fato de terem sido tratadas como incapazes e com atitudes infantilizadas.
(...)
Encontramos uma das maiores lições sobre a liberdade e o desapego nas palavras de Jesus de Nazaré, quando se aproveitou da circusntância em que estavam reunidas várias pessoas, e lançou o ensinamento do "amor sem fronteiras".
Apesar de respeitar e amar profundamente sua família, exaltou o "desapego familiar"como a meta que todos deveríamos atingir, a fim de alcançarmos os superiores princípios de fraternidade universal e o verdadeiro sentido da liberdade integral."

Trecho do livro "Renovando Atitudes" - Francisco do Espírito Santos Neto ditado por Hammed

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