quinta-feira, 18 de novembro de 2010

21:13 do dia 17/11/2010 e chega ao fim mais um julgamento do Tribunal do Júri. São 10 anos que sirvo como jurada e nunca havia me sentido como me senti nesta data. Me perguntava: Onde iremos parar?...quando a pergunta correta seria "Onde fomos parar?!"
Sinto as vezes um aperto no peito por ver a não-vida destas pessoas. Existe alguma expectativa?
Não consigo acordar dia após dia sem fazer planos, sem minhas expectativas... E fico agora a imaginar como é o amanhecer destas pessoas que insistem em boicotar suas vidas. Quais seus planos, seus sonhos, para que vivem???
Um crime como o que foi julgado ontem, onde tem crianças envolvidas, fez eu me sentir como se estivesse na corda bamba. E eu ia cair...só tinha que escolher o lado e assumir as consequências.
Adotar a tese da defesa ou da acusação? Não! Desta vez teria que ser a minha tese. Após anos assinando em baixo do que a Promotoria rezava, hoje me recuso a fazer a análise fria da letra da lei. Impossível ser uma Amanda lá no júri e outra aqui fora. Afinal, tudo é vida real, tudo faz parte da criação divina e somos todos seres essenciais. Pois bem...hoje então fica muito mais difícil me posicionar da forma como os Tribunais desejam.
Algo que para mim sempre foi fácil, sempre tirei de letra...algo que para mim bastava pegar depoimentos e colocá-los lado-a-lado, verificar controvérsias, olhar nos olhos da vítima (quando viva...) testemunhas, réus, familiares...e após isso, tecer minha opinião.
Hoje isso se tornou extremamente difícil. Penso no cumprimento da pena, na merda que é estar lá naquela grande escola do crime. Mas e então? O que fazer? Tá no inferno, abraça o capeta?
Tudo bem...tudo bem...sei que alguns leitores devem estar pensando agora: "O que deu nessa louca?"
O problema, ou melhor, a solução é que quando a gente entende a essência do ser humano, a essência da vida, e percebemos que somos TODOS criações divinas, irmãos...aí a coisa muda de figura. 
E como conjugar a Amanda jurista, da Amanda jurada, da Amanda filha da Casa do Jardim? Não há mais como separar... Lá no Tribunal tenho que agir de acordo com os ditames da justiça e de minha consciência. 
Dá pano pra manga? Demais... e eu fico divagando...twitando mentalmente, blogando mentalmente, tendo conversas de bar comigo mesma, discutindo teses e vivências...aqui não cabe tudo, não cabe nada!
Somente me resta a dizer e implorar que sejam sempre julgados os fatos e não as pessoas!

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