domingo, 20 de junho de 2010

AMIGOS

Amigos, cento e dez ou talvez mais,

eu já contei. Vaidades que eu sentia:

Supus que sobre a Terra não havia

mais ditoso mortal entre os mortais.

 
Amigos, cento e dez! Tão serviçais,

tão zelosos das leis da cortesia

que, já farto de os ver me escapulia

às suas curvaturas vertebrais



Um dia adoeci profundamente.

Ceguei. Dos cento e dez houve um somente

que não desfez os laços quase rotos.

-Que vamos nós lá fazer? Diziam.

Se ele está cego, não nos pode ver...

-Que cento e nove impávidos marotos...


Camilo Castelo Branco ( 1825 a 1890 )

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